No início da minha recuperação, como costuma acontecer em outros casos, dei passos mais largos. Comecei a ficar de pé! (https://www.youtube.com/edit?o=U&video_id=bbmWxA0iIIo)
Voltei a falar, deixei de comer comida amassada e a engasgar quando comia! Depois os passos foram ficando menores... e eu confesso que me faltou força muitas vezes. Mas, quando eu sentia que estava começando a estagnar... eu dava um outro passo grande!
Um vizinho meu conseguiu uma vaga no Hospital Sarah Kubitschek e eu comecei a me tratar lá. Tinha aulas de dança (https://www.youtube.com/watch?v=Rq-JyI-vbHc), natação (https://youtu.be/RhPUUOiBbT4), fisioterapias, musculação (https://www.youtube.com/watch?v=imdBM0WsBv0), “ping-pong” (minha mãe transformou a mesa de jantar lá de casa em uma mesa de ping-pong), atendimentos com a neuro-psicóloga, um horário para jogar vídeo games para trabalhar a concentração...
Na época eu me locomovia com uma cadeira de rodas e foi lá que eu recebi meu primeiro andador! (https://www.youtube.com/watch?v=seOC4dxnUQw).
Eu comecei a passar os dias no Hospital Sarah e retornava pela tarde. Fiquei em um sistema de “internamento dia”. Em casa, quando retornava, tinha fisioterapia com o grupo GNAP. Com eles entendi e comecei a falar e a entender que “fisioterapia é tudo!”
Como podem ver, sou uma felizarda pois muitos anjos apareceram na minha caminhada.
"A gravidade que esse acidente teve para mim... meu andar, o tempo que perdi e que poderia já estar estagiando, dirigindo e ajudando a minha família.”
“E eu sinto tanta falta da menina que eu fui; que sabia conversar sobre coisas fúteis, dava risada fácil, era espontânea sobre qualquer coisa. É disso que eu mais sinto falta. De mim mesma. De quem eu era. De quem tento resgatar. Eu amadureci. Eu cresci. Precisei me conformar com essa situação. Esse acidente me deixou dependente. Não posso viajar sozinha. Não tive direito a ter meu carro. Ouvir de seus pais que você estava lá deitada sem saber se enxergava ou não, se iria algum dia voltar a responder. Poderia demorar um ano, mais alguns anos ou poderia nunca acontecer. Poderia ficar com sequelas muito sérias e nunca mais voltar a ser “Eu” Não é que nem quebrar um braço ou uma perna. Foi o meu cérebro. Coisas como andar, sentar e levantar, comer e me vestir eu desaprendi a fazer. Desaprendi a estudar sozinha. Desaprendi a tomar banho sozinha. Desaprendi a viver sozinha. E qual era o jeito a dar? Continuar vivendo na expectativa, na esperança, da parte boa da vida chegar novamente. Quem sofreu e sofre até hoje comigo é quem me ama de verdade como minha família e amigos bem próximos. Pessoas que só vão conseguir seguir a vida completamente quando eu também seguir. ”
Que emocionante o vídeo você falando para seu pai!